quinta-feira, janeiro 30, 2025

FILHA MATA A MÃE E ESQUARTEJA DENTRO DA PROPRIA CASA EM CAPELA/SE

O Silêncio que Mata

A brutalidade de um assassinato cometido por uma filha contra a própria mãe é um espelho trincado da nossa sociedade adoecida. Uma mãe que se anulou para proteger, que suportou violências físicas e emocionais, que silenciou por medo, por amor ou por uma desesperança que não deveria existir. Quantas outras mães estão reféns dessa mesma dor, presas em laços que, em vez de nutrir, as sufocam? E nós, como sociedade, seguimos assistindo, perplexos, sem agir.

O psiquiatra Augusto Cury alerta que “as maiores prisões não têm grades, mas são forjadas pelas dores da alma.” Quantas mães vivem encarceradas nesse sofrimento invisível? A psicologia ensina que traumas não tratados geram ciclos de violência. Uma filha que agride a mãe já carrega marcas profundas, dores que se transformam em faca. Quando fechamos os olhos para esses sinais, contribuímos para a repetição dessa tragédia. Não basta nos chocar; é preciso intervir.

Silenciar é ser cúmplice. Quando evitamos discutir a violência doméstica, quando descartamos casos assim como “coisas de família”, normalizamos o inaceitável. O filósofo Zygmunt Bauman já dizia que vivemos tempos líquidos, onde os laços se desfazem com facilidade e a empatia se torna escassa. Precisamos fortalecer a rede de apoio às vítimas, denunciar agressões, promover o diálogo e acolher quem sofre. Não podemos mais nos permitir o luxo da omissão.

A cura dessa sociedade enferma passa pelo resgate do que nos torna humanos: o afeto, a escuta, o cuidado. A psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva ressalta que transtornos de personalidade e psicopatologias podem ser atenuados com acompanhamento e prevenção. Ignorar os sintomas e abandonar aqueles que precisam de suporte é perpetuar tragédias anunciadas. Não é apenas um caso isolado. É um alerta.

Que tempos são esses em que filhos matam mães? E que tempos serão os próximos, se nada fizermos? Que não nos falte indignação, mas, sobretudo, ação. Seja pelo diálogo, pela denúncia, pelo apoio psicológico ou pela espiritualidade, que possamos interromper esses ciclos de dor. A sociedade que queremos depende do que escolhemos enfrentar hoje.
Há muito que se ouvia falar dos maus tratos, violência e até ameaças de morte sofridas pela vítima através dessa filha.
A confissão e reconstituição do crime, poderá trazer informações terríveis do requinte da crueldade que sofreu dona Cecília por Clóris, sua filha.

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