Há algo estranho no ar político de Capela. Um silêncio incômodo paira sobre os fatos — um silêncio que não é paz, mas conivência. Enquanto uns se exaltam em cavalgadas, outros trocam farpas fora do estado, e muitos se calam diante do absurdo, a cidade assiste, atônita, a um espetáculo que envergonha quem ainda acredita na boa política.
De repente, a disputa de ideias se tornou disputa de egos. As divergências, antes salutares, viraram ameaças, processos, perseguições. O debate perdeu a elegância; a diferença virou inimiga. E o que deveria ser a expressão mais nobre da democracia transformou-se em um campo de ressentimentos e descontrole.
Nunca na história de Capela se viu tamanho descompasso entre o discurso e a prática. O poder, que deveria servir ao povo, parece ter se perdido em meio à vaidade e ao desejo de vingança. E o mais grave: há quem ache normal. Há quem se cale, esperando que o tempo apague os excessos. Mas o tempo não apaga o constrangimento — ele apenas o registra.
A política capelense precisa reencontrar sua alma. Precisa se lembrar que governar é cuidar, representar é respeitar, e discordar não é destruir. É possível ter firmeza sem agressão, autoridade sem autoritarismo, força sem desumanidade.
Capela merece mais do que o barulho das brigas e o silêncio das conveniências. Merece a serenidade do diálogo, o retorno da razão e a coragem de quem entende que política, no fim das contas, é servir — e não se servir.
Como disse Martin Luther King: - " o que me incomoda não é o grito dos maus (as atitudes), mas o silêncio dos bons".
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