As sucessivas derrotas por unanimidade no Tribunal Superior Eleitoral não impediram a base governista de Capela de comemorar. Pelo contrário: transformaram um revés jurídico em combustível para uma estratégia que, na essência, despreza a democracia e zomba da paciência do povo. A tática é conhecida, velha e nada honrosa — recorrer, recorrer e recorrer, apenas para ganhar tempo, como quem empurra com a barriga uma verdade que já foi reconhecida pela mais alta Corte eleitoral do país.
O objetivo é transparente: manter Júnior Tourinho no cargo a qualquer custo, mesmo que o mérito do processo já tenha sido decidido reiteradas vezes contra ele. O grupo político que o sustenta finge não perceber — ou prefere ignorar — que utilizar a máquina recursal como escudo político não é defesa legítima; é manobra antidemocrática. É uma tentativa desesperada de transformar a Justiça Eleitoral em trampolim para um projeto de poder que já ruiu juridicamente, mas que se tenta manter politicamente na marra.
A decisão desta quinta-feira que nega provimento ao recurso apresentado pelos advogados de Júnior, por unanimidade (7X0) empurra novamente o caso para o TRE de Sergipe, que deverá reavaliar as provas não apreciadas anteriormente. Depois disso, abre-se novo caminho para recursos ao TSE, seja por parte da defesa, em caso de derrota, seja por parte de Dr. Batista, se houver decisão favorável a Júnior. É o roteiro de sempre: um looping processual planejado, milimetricamente utilizado para esticar um mandato que juridicamente não se sustenta.
E qual é o cálculo? Simples: arrastar o processo até 2027, quando o trânsito em julgado obrigará a realização de eleição indireta na Câmara de Vereadores. Aí reside o sonho dourado dos líderes governistas: manter o grupo no poder, mesmo que à revelia da justiça, da moralidade administrativa e do respeito ao eleitor. Júnior, nesse cenário, vira detalhe — útil enquanto serve ao projeto, descartável quando surgirem as consequências judiciais que inevitavelmente virão.
Capela não merece este espetáculo deprimente. Não merece ver sua democracia sequestrada por interesses pessoais e arranjos de bastidores. O povo precisa acordar, precisa reagir e precisa compreender que nenhuma cidade prospera quando a legalidade é manipulada e quando governantes agem como se a Justiça fosse um obstáculo, não um limite civilizatório. Manobras não sustentam mandatos — apenas revelam o medo de perder o poder que já não pertence a quem o exerce indevidamente.
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