Análise
A vitória de Rogério Carvalho e o desafio de costurar um projeto robusto para 2026
As eleições internas do PT em Sergipe, encerradas neste início de julho, não foram apenas uma disputa por cargos na direção estadual e municipal. Foram, na verdade, um termômetro decisivo da musculatura política do partido e um ensaio geral para os grandes embates de 2026.
A vitória maiúscula do senador Rogério Carvalho para a presidência do Diretório Estadual consolidou não apenas o seu nome como principal liderança petista no estado, mas também escancarou uma divisão interna que precisa ser urgentemente metabolizada. De um lado, a ala ligada ao ministro Márcio Macedo e Eliane Aquino, através do candidato Cássio Murilo, tentaram manter influência sobre a máquina partidária; de outro, o grupo que apostou na força da militância de base e em Rogério como o articulador central.
Mais do que reorganizar quadros e comandos, o desafio central para o PT sergipano — e que ecoa em nível nacional — é a capacidade de sentar, com maturidade, para construir um projeto político robusto, unitário e estratégico. Em 2026, Lula buscará consolidar sua hegemonia no Nordeste, região onde historicamente se ancora sua força eleitoral. Sergipe, por menor que seja em termos de colégio eleitoral, tem papel simbólico: é o estado de aliados próximos, como Márcio Macedo, e território onde o PT ainda detém capital político considerável.
Resta agora decidir se o partido terá coragem de apresentar candidatura própria ao governo estadual ou se caminhará em aliança com o atual governador Fábio Mitidieri (PSD), que, mesmo apoiado por setores de centro e direita, segue sendo cortejado. O movimento de Rogério indica que ele pode se lançar como principal voz de oposição, mas também sinaliza flexibilidade para alianças, caso haja garantias reais de participação no governo e protagonismo.
A vitória interna, por si só, não garante vitória eleitoral. O PT precisará costurar um discurso coerente, conectar-se novamente à base popular e evitar a tentação do pragmatismo vazio, que enfraquece identidade e mobilização. A responsabilidade de Rogério, agora fortalecido, é gigantesca: transformar capital interno em força externa, potencializar bancadas e preparar um palanque sólido para Lula e para si próprio, mirando o Senado ou até uma disputa majoritária estadual.
2026 já começou no PT. E Sergipe pode se tornar um laboratório de como (ou se) o partido será capaz de se reinventar, unir tendências e oferecer ao eleitorado um projeto claro, popular e viável. O momento exige menos disputa de egos e mais coragem para pactuar um futuro coletivo.
Sem a capacidade de compreender a crítica, não cabe o elogio sincero.
(Da Redação, com informações: CinformOnline, fanf1, nenoticias, destaquenoticias. Imagem: rede social do senador Rogério Carvalho)
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